A Tua Vontade é a Tua Vitória

28.9.08

A Sorte Protege os Audazes


O meu distintivo

Audaces Fortuna Juvat

  Grito de Guerra: "Mama Sumae" - "Aqui Estamos, Prontos Para o Sacrifício!".

Grito do bailundo (Homem de uma tribo BANTO do sul do Continente Africano) armado de lança contra o leão no ritual de passagem da adolescência à maturidade.


EAMA – Nova Lisboa

  À voz do capitão a companhia formou numa ala perto do campo de obstáculos. Alguns soldados, com o uniforme camuflado colado ao corpo e de boina com o distintivos dos Comandos, aproximaram-se de nós. Vinham com o fito de escolher quem lhes parecesse que daria um bom Comando. Por azar encontrava-me em cima de uma pequena elevação parecendo ser mais alto do que na realidade o era. Ao aperceber-me disso inclino o corpo prá frente. Com a companhia alinhada, o capitão dos Comandos ia mandando sair da fila os que lhes pareciam ser mais capazes. Passa por mim e nada. Com um suspiro de alívio endireito o corpo, aí ele volta para trás e apontando o dedo para mim diz: «Tu também».

Centro Instrução de Comandos - Luanda

Depois de passar nos testes feitos na EAMA eis que regresso a Luanda para o CIC no Cazenga, a fim de fazer os treinos que me fariam Comando ou, caso não os conseguisse suplantar, voltaria para a tropa normal.

Na recepção tivemos logo uma palestra sobre a Instrução que iríamos receber.

... E não te esqueças que as exigências feitas não são obrigações que cumpres, mas a afirmação permanente da tua vontade, do eu querer e do teu desejo de ser um “COMANDO”. Porque tu queres ser “COMANDO”! E nós queremos-te entre nós!!

  E eu queria ser um entre eles.

  Formaram-se os grupos. Já não me lembro quem era o Alferes que nos deu a instrução mas lembro-me do Furriel.

Furriel Lima, meu camarada, que tombaste em terras de Cabinda para ti a minha homenagem.

  O treino era duro, mas duros éramos nós e: «O COMANDO não foge ao perigo, não evita as situações que possam acarretar-lhe incómodos. Incumbido de uma missão, põe no cumprimento dela todas as suas possibilidades de actuação, todas as suas forças físicas, intelectuais e morais.»

  De várias provas lembro-me bem da semana maluca e do Dimas Vaz que, simulado um ataque no meio do mato, caiu em cima do Unimog como tivesse sido atingido e era ver aquele grupo de jovens prontos para tudo.

  A semana maluca consistia em fazer de noite o mesmo como se fosse de dia.

  Na prova de choque (prova da sede), fazíamos a barba com o orvalho das tendas pois só tínhamos um cantil de água por dia. À noite rastejávamos até aos tanques de água e pingo a pingo voltávamos a encher os cantis, para assim colmatar alguma necessidades de hidratação.

  Um dos meus camaradas que tinha vindo comigo de N. Lisboa foi mordido por um insecto e o corpo ficou todo inchado. Mas se havia homem que queria ser Comando ele era um deles. Assim durante um certo período o grupo ia-o ajudando no que podia para ele não ser enviado para Luanda o que seria o fim do seu sonho, mas o corpo não aguentou e um helicóptero levou-o para o hospital militar.

  Os treinos eram intensos, quando chegava a altura do “rancho” ficávamos alinhadinhos ali junto às mesas enquanto o “Donne Moi Ma Chance» (música “não oficial” dos Comandos) tocava e depois lá vinha mais uma palestra sobre o que é ser «Comando» e a barriga a dar horas.

  Há uma música que ainda hoje, quando corro, mentalmente a toco e assim compasso a minha passada de corrida.

  Um dia numa «queda na máscara» escorrego numa pedra solta, e bato com a clavícula na coronha da arma. Fractura da mesma, Hospital Militar e assim tudo se acabou.

  Os grupos formaram a 2044ª Companhia de Comandos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sim tu e todos eles eram audazes sois audazes só por isso um beijo para ti e para todos vós
beijinho