A Tua Vontade é a Tua Vitória

9.12.20

Noites sem fim...

Poncho molhado, olhar na tropa e na mata Vai-se no Maiombe, devagar, picada afora A chuva encharca, está chovendo que se farta Dói dentro d'alma, dói até ao raiar da aurora (verso alterado do tema 'Poncho molhado')

Dentro da mochila, rações de combate para quatro dias. A rede do mosquiteiro à volta do pescoço, o poncho, a minha 'amante' que não me largava, a minha G3, o cantil com água e comprimidos contra o paludismo (Daraprim).

Sai o grupo de combate do quartel. Embrenha-se na floresta. Charcos onde as fêmeas dos mosquitos ovipositam, para mais uma geração de geradores de paludismo, são uma constante. O sol não entra, a água não evapora. Cheiro pestilento da água estagnada, os mosquitos volteiam, entram até na rede, é o miruí.

A noite cai. A chuva desaba fortemente. Não há fogo para aquecer a ração de combate. Come-se diretamente da lata. Forma-se os horários de vigília, nunca por mim olvidado para a segurança de todos.

Junto às árvores a tropa dorme. Enrosco-me no poncho. Está frio, e a chuva que não deixa de cair.

Um último olhar e adormeço, sempre em alerta ao mais pequeno ruído.

E no romper da aurora, há que levantar e prosseguir a patrulha até ao destino, um local qualquer perdido na lonjura daquela floresta que tanto marcou, quem pelo Maiombe passou!
foto: no interior do Maiombe

Sem comentários: