A Tua Vontade é a Tua Vitória

23.8.20

A guerra que passei...

Depois do 25 de abril de 1974, o IN intensificou a luta de guerrilha contra as tropas portuguesas destacadas no Enclave de Cabinda.

Saíamos em patrulha contra a vontade dos soldados que não as queriam fazer. A maior parte deles eram naturais desse enclave e queriam sair da tropa para regressarem às aldeias de que eram originários.

Mais uma patrulha ia sair do nosso quartel de Tando-Zinze. Ia eu, o Furriel Franco que comigo tinha vindo dos Comandos e os nossos grupos de combate. A saída era a pé até uma aldeia que distava três dias e noites de caminhada por caminhos quase intransitáveis., devido às fortes chuvadas que caíam e transformavam a picada num terreno de lama e muito mosquito.

Á saída do quartel a rebelião. Só iam se fossem de Unimog que designavamos por 'burros do mato'.

A ordem que tínhamos era a pé e a pé teria que ser.

O meu grupo lá se dispões a ir, mas o grupo do Franco estava irredutível. Eu conhecia bem o Franco, era um dos que mais me dava pois tínhamso sofrido as agruras juntos no 27º Curso de Comandos.

O que não esperava era pela reação dele. Devido ao treino que tínhamos tido nos Comandos, colocou a G3 em posição de rajada e com ela pela cintura, disparou contra os pés dos que se recusavam a fazer a patrulha. Remédio santo. Fizemos a patrulha mas sempre com receio (e não medo) de quando dormissemos em plena floresta do Maiombe fossemos atacados pelos nossos grupos.

A 9 de maio de 1974 no Belize, numa armadilha, morre um Furriel e vários soldados ficaram feridos.

Em Caio Guembo, no dia 30 de maio desse ano, o IN ataca o aquartelamento, provocando a morte de dois Alferes, um Furriel, um soldado, havendo ainda 14 feridos.

E era este o nosso estado de espírito em Cabinda. A qualquer momento podiamos ser atacados como estava previsto ser feito ao nosso quartel em Tando-Zinze.

foto: no nosso 'saloon' em Tando-Zinze:

Em cima : Restollho, eu e ?
Em baixo: Franco e Guedes

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