Há músicas que nos marcam. Músicas que deixamos de ouvir durante muitos anos mas ficam cá dentro fazendo parte de nós e a trauteamos em muitas ocasiões.
O mesmo se passou com a música que abre este tema. Não sabia o nome dela, sabia sim que, durante muitos anos, quando de novo voltei às corridas (tinha feito atletismo no Benfica de Luanda) compassava os meus passos ao som da música que na minha mente tocava.
Centro de Instrução de Comandos - 1973
Já aqui contei algumas situações no tema "A Sorte Protege os Audazes" em que tinha como fundo musical o «Donne Moi Ma Chance» (música “oficial” dos Comandos).
A instrução era dada com fogo real. Lembro-me de a um furriel lhe ter rebentado um detonador na mão pois o detonador era da granada instantânea só que tinha a patilha correspondente à granada de sete segundos (esta patilha era colocada para armadilhas em picadas). Ao começar a contagem dos sete segundos, largou a patilha e o detonador rebentou-lhe na mão. A sorte é que, no meio do azar (esta é à portuguesa), ele só tinha o detonador e não a granada senão lá ia o instrutor e instruendos para a morte ou ficavam com lesões graves para toda a vida.
Mas era a vida de militar, prontos para o melhor e para o pior. Embora odeie a guerra que só interessa a quem dela vive, estava pronto para fazer face a qualquer ataque pois ali não há escolhas, ou se mata ou se morre.
Na altura havia uma piada com uma certa graça com o «ou mato ou morro». Então dizia-se: «Quando se vir o inimigo no mato vai-se pró morro, se estiver no morro vai-se pró mato»
Ou esta:
«Se detectarmos o inimigo damos meia volta e progredimos nas horas do car....».
Claro que isto era só piada pois a realidade era bem diferente, quando os ataques aconteciam não dava tempo nem pró mato nem pró morro.
A qualquer hora da noite podíamos ser chamados para formar na parada ou ter instrução nocturna. Quando havia zunzum que isso podia acontecer, deitávamos fardados pois tínhamos pouco tempo para nos vestir e aparecer na parada, quase sempre “pagávamos”, ou seja tínhamos que “encher”, que não mais era do que flexões.
Como os instrutores já tinham passado pelo mesmo, estávamos nós deitados com o camuflado, eles entravam na camarata a fazer um chinfrim e a bater nos ferros dos beliches e diziam que tínhamos de estar na parada com traje de... passeio ou de trabalho! Lá se ia a nossa esperteza de estar com o camuflado vestido.
Havia uma instrução também de competição, saber quem aguentava com os braços estendidos a arma segura pelas mãos. Inicialmente tudo bem mas com o passar dos minutos a arma começava a pesar “quilos”. Um a um lá iam baixando os braços havendo sempre quem tentava a todo o custo ser o vencedor mesmo que para isso tivesse que torcer todo o corpo.
As corridas ao som da música, o conhecer as armas em todos os pormenores, a manutenção (por mais que a limpássemos quando o instrutor olhava para o cano estava sempre um "morro" de areia dentro dele e claro lá tínhamos umas flexões a fazer), o gosto que tínhamos na postura (mandei ajustar toda a minha roupa da tropa) fazia do «Comando» um ser diferente.
A minha passagem pelos Comandos foi tão marcante que, estando eu nos Adidos à espera de embarque depois de ter vindo de Cabinda para tirar um curso em Luanda, ao apresentar o meu grupo ao Comandante dei um passo à frente que fez com que Comandante chegasse ao meu ouvido e perguntasse:
- O nosso Furriel esteve nos «Comandos»? - Estive sim meu Comandante - Então prá próxima dê um passo em frente à tropa normal (ele disse macaca) que isto aqui não são os «Comandos».
Até aquele Comandante sabia bem o que era um passo em frente à Comando.
Num momento de boa disposição (reparem no punho fechado) - Aqui é só estilo
Em cima: Ferreira, Pinto, Reis, eu e Graça Lopes. Em baixo: "Dega", Folgado e Franco (foi comigo para Cabinda)
Mais uma foto do grupo com a inclusão do soldado Baltazar
Eu no CIC e a minha divisa de Cabo-Miliciano
Obrigado Ferreira pela indicação da música que já não ouvia há muito tempo.
O mesmo se passou com a música que abre este tema. Não sabia o nome dela, sabia sim que, durante muitos anos, quando de novo voltei às corridas (tinha feito atletismo no Benfica de Luanda) compassava os meus passos ao som da música que na minha mente tocava.
Centro de Instrução de Comandos - 1973
Já aqui contei algumas situações no tema "A Sorte Protege os Audazes" em que tinha como fundo musical o «Donne Moi Ma Chance» (música “oficial” dos Comandos).
A instrução era dada com fogo real. Lembro-me de a um furriel lhe ter rebentado um detonador na mão pois o detonador era da granada instantânea só que tinha a patilha correspondente à granada de sete segundos (esta patilha era colocada para armadilhas em picadas). Ao começar a contagem dos sete segundos, largou a patilha e o detonador rebentou-lhe na mão. A sorte é que, no meio do azar (esta é à portuguesa), ele só tinha o detonador e não a granada senão lá ia o instrutor e instruendos para a morte ou ficavam com lesões graves para toda a vida.
Mas era a vida de militar, prontos para o melhor e para o pior. Embora odeie a guerra que só interessa a quem dela vive, estava pronto para fazer face a qualquer ataque pois ali não há escolhas, ou se mata ou se morre.
Na altura havia uma piada com uma certa graça com o «ou mato ou morro». Então dizia-se: «Quando se vir o inimigo no mato vai-se pró morro, se estiver no morro vai-se pró mato»
Ou esta:
«Se detectarmos o inimigo damos meia volta e progredimos nas horas do car....».
Claro que isto era só piada pois a realidade era bem diferente, quando os ataques aconteciam não dava tempo nem pró mato nem pró morro.
A qualquer hora da noite podíamos ser chamados para formar na parada ou ter instrução nocturna. Quando havia zunzum que isso podia acontecer, deitávamos fardados pois tínhamos pouco tempo para nos vestir e aparecer na parada, quase sempre “pagávamos”, ou seja tínhamos que “encher”, que não mais era do que flexões.
Como os instrutores já tinham passado pelo mesmo, estávamos nós deitados com o camuflado, eles entravam na camarata a fazer um chinfrim e a bater nos ferros dos beliches e diziam que tínhamos de estar na parada com traje de... passeio ou de trabalho! Lá se ia a nossa esperteza de estar com o camuflado vestido.
Havia uma instrução também de competição, saber quem aguentava com os braços estendidos a arma segura pelas mãos. Inicialmente tudo bem mas com o passar dos minutos a arma começava a pesar “quilos”. Um a um lá iam baixando os braços havendo sempre quem tentava a todo o custo ser o vencedor mesmo que para isso tivesse que torcer todo o corpo.
As corridas ao som da música, o conhecer as armas em todos os pormenores, a manutenção (por mais que a limpássemos quando o instrutor olhava para o cano estava sempre um "morro" de areia dentro dele e claro lá tínhamos umas flexões a fazer), o gosto que tínhamos na postura (mandei ajustar toda a minha roupa da tropa) fazia do «Comando» um ser diferente.
A minha passagem pelos Comandos foi tão marcante que, estando eu nos Adidos à espera de embarque depois de ter vindo de Cabinda para tirar um curso em Luanda, ao apresentar o meu grupo ao Comandante dei um passo à frente que fez com que Comandante chegasse ao meu ouvido e perguntasse:
- O nosso Furriel esteve nos «Comandos»? - Estive sim meu Comandante - Então prá próxima dê um passo em frente à tropa normal (ele disse macaca) que isto aqui não são os «Comandos».
Até aquele Comandante sabia bem o que era um passo em frente à Comando.
Num momento de boa disposição (reparem no punho fechado) - Aqui é só estilo
Em cima: Ferreira, Pinto, Reis, eu e Graça Lopes. Em baixo: "Dega", Folgado e Franco (foi comigo para Cabinda)
Mais uma foto do grupo com a inclusão do soldado Baltazar
Eu no CIC e a minha divisa de Cabo-Miliciano
Obrigado Ferreira pela indicação da música que já não ouvia há muito tempo.
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